PADRE JÚLIO, QUO VADIS?
- Bernard Dubois Pagh
- 28 de out.
- 4 min de leitura
Longe de criticar a ação social do Padre Júlio Lancelotti, na Pastoral de São Paulo, junto aos moradores de rua e necessitados em geral, o que está integralmente de acordo com a caridade cristã, é forçoso reconhecer, no entanto, que a Igreja não pode ser encarada apenas como uma ONG, como muito bem disse o Papa Francisco.
O Padre Júlio Lancelotti atacou injustamente Dom Adair Guimarães, Bispo de Formosa-GO no evento "Desperta Brasil", em Brasília-DF, que reuniu mais de 80 mil pessoas, no qual Dom Adair fez uma oração profética contra o comunismo e o povo entrou em comoção aplaudindo-o e a CNBB, procurada pelo UOL, disse que não iria se pronunciar.
O Padre Júlio postou uma imagem de Santo Oscar Romero, insinuando que o anticomunismo de Dom Adair era apenas uma ferramenta dos ricos para esconder as injustiças sociais, ou seja, havia uma segunda intenção por trás da oração...
Em outras palavras, pintou Dom Adair como alguém que não quer falar dos pobres, como se criticar o comunismo fosse sinônimo de ignorar os pobres, os marginalizados, os perseguidos, os oprimidos.
Dom Adair é envolvido com várias pastorais, dois abrigos com mais de duzentos idosos e supervisiona vários acampamentos de desabrigados, sem esbanjamento.
Santo Oscar Romero, se estava longe de ser um "conservador", estava ainda muito mais longe de ser um comunista.
Vale lembrar que desde 1.946 e, mesmo antes, todos os Papas condenaram o comunismo: Pio IX na encíclica "Quanta Cura", Léon XIII na "Rerum Novarum", Pio XI na "Quadragésimo Anno", Pio XII, excomungou quem militasse no comunismo,
João XXIII na encíclica "Mater et Magistra" e o Concílio Vaticano II na "Gaudium Spees", pontos 20 e 21.
_Do mesmo modo, Paulo VI na "Populorum Progressio", que rejeitou o socialismo como uma inadequada resposta ao problema da pobreza. João Paulo II, na Encíclica "Redemptor Hominis", fez o mesmo que os Papas anteriores, assim como o Papa Francisco na "Evangelum Gaudium", onde foram condenados sistemas que promovem exclusão e ódio, inclusive o socialismo.
Dom Adair não fez mais do que pedir o que Nossa Senhora pediu em Fátima, em 1.917, sendo certo que em contrapartida, em questões muitos caras aos católicos em geral, como o aborto, o Padre Júlio Lancelotti se queda inerte.
Sobre países como Cuba, China, Coreia do Norte, onde cristãos são perseguidos, nenhuma crítica.
Dom Adair falou como pastor, sucessor dos apóstolos.
Em outra ocasião, o Padre Júlio Lancelotti sugeriu que Santa Marina seria uma mulher trans, causando a indignação da paróquia que ostenta o nome da santa...
Em palestra realizada no auditório Dom Agnelo Rossi na PUC de Campinas-SP, no dia 30 de abril de 2.025, o Padre Júlio disse que no tempo de Jesus havia os fariseus, saduceus, herodianos e que Jesus não fazia parte de nenhum desses grupos, assim como não era Católico porque não existia Igreja Católica no tempo de Jesus, pois o Catolicismo teria sido inventado depois de Constantino, admitindo jocosamente que seria acusado de heresia e apostasia "novamente", sob os risos da platéia...
PADRE JULIO LANCELOTTI
Segundo o blogueiro Bernardo Kuster, nesse único ato o Padre negou: Que Cristo fundou a Igreja, que a Igreja existe desde o tempo de Cristo, com unidade, visibilidade, hierarquia, missão apostólica e que São Pedro foi constituído cabeça visível da Igreja por vontade divina e não pela intervenção de Constantino, velha lenda cultivada pelo protestantismo.
BERNARDO KUSTER
Quanto a isso, Dom Odilo Schrerer da Arquidiocese de São Paulo, tomou alguma atitude? A rigor nenhuma, uma vez que indagado a respeito, o Padre Júlio manifestou sua fidelidade à Igreja, sem no entanto penetrar no fato em si, tendo Dom Odilo deixado por isso mesmo.
DOM ODILO SCHERER
As palavras do Padre Júlio Lancelotti, como depois deixou entender com sua pseudo retratação não foram a expressão de uma opinião infeliz dita por acaso, mas foi uma heresia formal no sentido pleno, de acordo com o Cânon 751 do Código Canônico que diz chamar-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o batismo, de uma verdade que deve ser crida com fé divina e católica.
O Concílio Vaticano I, na sua Constituição "Pastor Aeternus" de 1.870, diz que o Cristo Senhor, Príncipe dos Pastores e grande Pastor das ovelhas, estabeleceu no bem-aventurado Apóstolo Pedro Sua Igreja, para a salvação perpétua e o bem duradouro da mesma, devendo permanecer perpetuamente.
O Catecismo da Igreja, nos pontos 765 e 766 diz que Cristo instituiu a Igreja. A Igreja nasceu do lado aberto de Cristo na Cruz. Ela não foi criada por Constantino, mas por Jesus.
Negar isso é negar o ato fundacional de Cristo e colocar-se fora do Catolicismo. Proclamar uma heresia conscientemente, heresia não só material, mas formal, porque fez isso de forma pertinaz, passível de excomunhão, "ipso facto".
De acordo com o Cânon 1.364 do Código de Direito Canônico de 1.983, o herege incorre automaticamente, na excomunhão. A pena não é nem declaratória, se executa por si mesma, ou seja, ele se excomungou, como ele próprio admitiu, pois declara o cânon que é reservada a pena excomunhão "latae sententiae" (automática) para apóstatas, hereges e cismáticos, ou seja, que a pessoa incorre na excomunhão no exato momento em que comete o ato.
A rigor, desde abril a situação perdura, é pertinaz, para o escândalo dos fiéis minimamente instruídos no Catolicismo.
O que deveria fazer Dom Scherer, se omitir? Não! Apenas reconhecer a situação "ipso facto", na qual o próprio padre se colocou, pois insinuou que Jesus não era Católico e que podemos ser cristãos sem ser católicos, ou seja, destrói o Magistério da Igreja. Um escândalo gravíssimo para o Catolicismo, pois continua ministrando sacramentos e neste contesto, o REX-POPULI, fiel a sua linha editorial de defesa de uma Monarquia Católica, segundo o modelo RETISTA ou REAL-TRABALHISTA, e, entendendo que os fiéis têm o direito de manifestar a seus pastores a sua opinião para o bem da Igreja, o faz num sentido construtivo e respeitoso, não na intenção de agir como teólogo, mas de esclarecer os leitores.
Quem é responsável por transmitir a fé apostólica, o Padre Júlio Lancelotti, Dom Odilo Scherer ou o Papa Léon XIV, Monarca do Vaticano e Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana?
O silêncio administrativo é pecado de omissão.
REX-POPULI não incentiva os monarquistas católicos a pressionarem seus bispos no sentido da excomunhão, como prega Bernardo Kuster, mas ora para que o Padre Júlio Lancelotti caia em si e se redima de todos esses tropeços, para o bem de todos e de sí mesmo.
BERNARD PAGH - ABJ - 4437









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