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DOIS SOBERANOS: LEÃO XIV E CARLOS III

  • Foto do escritor: Bernard Dubois Pagh
    Bernard Dubois Pagh
  • 21 de nov.
  • 5 min de leitura

No dia 23 de outubro de 2.025, aconteceu algo surpreendente. O rei Carlos III do Reino Unido e o Papa Leão XIV rezaram juntos numa histórica cerimônia ecumênica, na Capela Sistina, no Vaticano.


O Rei Carlos III do Reino Unido e Papa Leão XIV, Soberano do Vaticano.


Esse evento marcou a primeira vez em quase 500 anos (desde o cisma anglicano em 1.534, sob Henrique VIII) que um pontífice católico e um monarca britânico realizaram um ato religioso em conjunto.

De fato, com a revolução de Henrique VIII que rompeu os laços com a Santa Sé, fundando o anglicanismo e se autoproclamando líder da Igreja na Inglaterra, foram séculos de tensão e ainda é possível sentir o conflito entre protestantes e católicos no reino, sem contar que até hoje, um católico não pode herdar o trono inglês.

Será que agora os ventos começaram a mudar? Será isso apenas o começo?

Durante essa visita oficial, o Papa Leão XIV ainda concedeu a Carlos III o título de "Real Confrade da Basílica de São Paulo Extramuros", assim resgatando uma tradição da era medieval.

Historicamente, a Santa Sé concedia aos reis ingleses a dignidade de protetores da abadia ligada a esse santuário. O título foi perdido em 1.534, mas agora está oficialmente restaurado?

Junto com essa honraria veio um trono onde está o brasão dos "Windsor" (sobrenome questionado pelo próprio rei, que prefere o de Mountbatten) e inscrição em latim: "que todos sejam um", uma referência ao Evangelho de São João, onde Jesus pede pela união dos cristãos. Esse acento especial ficará permanentemente no templo para uso exclusivo da Coroa inglesa, um gesto claro do Papa, um pedido de unidade entre Londres e Roma que foi respondido pelo monarca inglês, pois em retribuição, o Rei convidou o Sumo Pontífice para tornar-se "Papal Confrater" da Igreja de São Jorge, no Castelo de Windsor.

Sua Majestade também concedeu a Leão XIV a Grande Cruz da Ordem do Banho, que, apesar de fundada em 1.725, carrega o espírito medieval, quando cavaleiros se purificavam num banho ritual, antes da investidura.

Essas demonstrações de respeito, marcam uma forte reaproximação entre esses dois poderes, após séculos de separação?

Em julho de 2.025, a Catedral da Cantuária, sede do Poder Anglicano, realizou uma Santa Missa, celebrada pela Núncio Apostólico. Foi a primeira vez que foi celebrado o rito romano nesse altar em quase cinco séculos. São acontecimentos históricos? Com certeza! Mas... Nem todos estão gostando disso.

Esse encontro ocorreu num período de grave tensão na Inglaterra. A polêmica mais recente foi a nomeação de uma progressista, primeira mulher a chefiar a Igreja Anglicana, como Arcebispa da Cantuária, gestando um cisma em seu seio.

Além disso, o reverendo irlandês Kyle Paisley declarou que por rezar com o Papa, o Rei deveria abdicar por ser perjúrio aos propósitos feitos na sua coroação e, abdicar em favor de UM VERDADEIRO PROTESTANTE QUE LEVE SEUS VOTOS A SÉRIO.

Essa atitude também traz para o centro do debate, os sempre polêmicos e controvertidos sedevacantistas e jacobitas, senão vejamos:

Os primeiros insistem no processo de "protestantização da Igreja Católica Romana" após o Concílio Vaticano II, como é o caso do Frei Thiago de São José e do advogado francês Adrien Abauzit, para ficarmos apenas nesses dois exemplos mais notórios.


Frei Thiago de São José, sedevacantista.


Os jacobitas, no reino britânico, insistem sobre outra polêmica, que nós do REX-POPULI acreditamos vir dos tempos de Henrique II da Inglaterra.


Francis, reconhecido como legítimo Rei da Inglaterra, pelos jacobitas.


Naquele tempo São Thomas Becket, que inicialmente foi um amigo próximo e o Chanceler do Rei Henrique II, teve um relacionamento conflituoso com o mesmo após Becket ser nomeado arcebispo da Cantuária. O conflito centrou-se na tentativa do rei de estabelecer a autonomia real sobre a Igreja da Inglaterra, pretensão a que Becket resistiu veementemente, defendendo a independência da Igreja e a autoridade papal.

Certa vez o Rei fez um infeliz comentário de que como seus problemas se resolveriam se Becket desaparecesse. Alguns de seus cavaleiros, pensando que a morte de Becket seria do agrado do rei, assassinaram o arcebispo.


O assassinato de São Thomas Becket.


Tal ato chocou o rei, que além de punir os responsáveis, diante dos delegados papais que foram enviados, fez o seguinte juramento, com as mãos sobre os Evangelhos:


"O poderoso Rei da Inglaterra, senhor da Irlanda e de Gales, Duque da Normandia, Aquitânia e Gasconha, Conde de Anjou, Maine, Tourenne e Poitou, eu não pensei, nem soube e nem ordenei a morte de Thomas, arcebispo da Cantuária e quando me foi comunicada, fiquei mais triste do que se tivesse perdido meu próprio filho, mas não posso escusar-me de ter dado ocasião ao assassinato pela animosidade e raiva que concebi contra o santo homem. Agora para a reparação enviarei imediatamente a Jerusalém duzentos cavaleiros para a defesa da cristandade e eles lá servirão por um ano às minhas custas e irei eu mesmo tomar a cruz por três anos e farei pessoalmente a longa viagem a menos que o Pontífice não me permita permanecer. Destruo em definitivo os costumes que introduzi em meus Estados e proíbo a sua observância no futuro. Eu permitirei doravante todas as apelações à Sé Apostólica sem impedimento algum. Devolverei à Igreja da Cantuária todas as suas terras e todos os seus bens".

Depois disso, concluiu seu juramento com palavras que os historiadores modernos ocultam, sempre no intuito de poupar a cultura anglo-germânica, que são as seguintes:


"Além disso eu e o Rei meu filho mais velho juramos que receberemos e manteremos o Reino da Inglaterra e do Senhor Papa Alexandre e de todos seus católicos sucessores e que NÓS E NOSSOS SUCESSORES, PARA SEMPRE NÃO NOS CONSIDERAREMOS REIS DA INGLATERRA A MENOS QUE ELES OS PAPAS NOS CONSIDEREM REIS CATÓLICOS".


Por essas palavras e por esse juramento de Henrique II, TODOS OS REIS PROTESTANTES QUE SE SEGUIRAM A HENRIQUE VIII SÃO ILEGÍTIMOS DIANTE DO REINADO SOCIAL DE CRISTO-REI, INCLUSIVE O ATUAL.

Em Avranches, Henrique II reiterou o juramento e acrescentou que NUNCA SE RETIRARIA DA OBEDIÊNCIA DO PAPA ALEXANDRE E DE SEUS SUCESSORES, ENQUANTO O CONSIDERASSEM REI CATÓLICO e colocou seu selo nos termos do juramento.

Mas, atualmente, o fato é que enquanto o cisma anglicano se aprofunda, o Rei, o líder desse culto rezou junto a Papa e não foi em qualquer lugar, mas dentro da lendária Capela Sistina. Seria esse o início de uma reconciliação entre Londres e Roma? E como procederão daqui por diante os jacobitas católicos e sedevacantistas.

Vale a pena lembrar que o Vaticano já trabalha a anos pela reaproximação entre Católicos Romanos e Ortodoxos. Enfim, o futuro a Deus pertence.


BERNARD PAGH - ABJ - 4437


 
 
 

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